quinta-feira, 6 de outubro de 2011

São Paulo não precisa de um terceiro aeroporto

São Paulo não precisa de um terceiro aeroporto

Marcelo Guaranys, diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil diz que é melhor expandir a estrutura aeroportuária já existente; ele defende o aumento de voos por hora e Congonhas 24 horas durante a Copa


É ineficiente construir um terceiro aeroporto em São Paulo, diz Marcelo Guaranys, 34, diretor-presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Para ele, Cumbica (Guarulhos) e Viracopos (Campinas) atenderão a demanda dos próximos 20 anos.
A ideia do novo aeroporto voltou a ser defendida semana passada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Na entrevista, Guaranys fala sobre os planos para a Copa e a possibilidade de Congonhas operar 24h durante o mundial. Leia a seguir:
 

Folha - De zero a dez, qual a chance das concessões de Guarulhos, Viracopos e Brasília saírem em dezembro, como a Anac prevê?
Marcelo Guaranys -
 Dez. O governo inteiro está trabalhando para isso de forma diferenciada. É uma determinação da presidenta. O prazo realmente é apertado, mas conseguimos fazer.


O cronograma original previa entregar o edital ao TCU (Tribunal de Contas da União) em 17 de agosto. Isso ainda não aconteceu.
A gente ajusta determinadas datas de acordo com as dificuldades. A intenção é mandar para o TCU no começo do mês que vem. Esse primeiro prazo era de estudos; é tudo ajustável no cronograma.

Se houver recurso no TCU o processo fica comprometido...
O cronograma depende das nossas variáveis. O que não for controlável dificulta um pouco. A gente tem trabalhado para nos antecipar a esses riscos. Se a gente sentir que o TCU está percebendo algum problema, mudamos.

Vai dar tempo de as obras ficarem prontas?
Com certeza. As concessões de aeroportos vão contribuir para aumentar a estrutura para a Copa.

Quais medidas emergenciais a Anac vai adotar para evitar o caos aéreo na Copa?
A Copa vai ser como um Natal, com alta ocupação. Não existe a possibilidade de ter mais voos aprovados do que a capacidade do aeroporto e do espaço aéreo. Isso era no passado. Desde 2007 estamos ajustados.
No fim do ano o aeroporto fica mais cheio, mas todo mundo chega ao seu destino tranquilamente. A Copa será isso, uma situação que a gente já sabe gerenciar. Com uma vantagem: a infraestrutura expandida.

A Infraero defende a ampliação da operação de Congonhas na Copa, retomando níveis anteriores ao acidente da TAM. Fala-se também em Congonhas 24 horas. Qual a viabilidade disso?
As duas medidas são razoáveis e aumentar o número de voos por hora é tecnicamente possível. Na Copa todos farão esforço para que tudo funcione bem. Temos de aproveitar de fato o máximo de infraestrutura que puder.

O governador Geraldo Alckmin retomou a ideia do terceiro aeroporto. São Paulo precisa de mais um?
Nossa avaliação é que a demanda dos próximos 20 anos será coberta por Guarulhos e Viracopos.
Eventualmente precisaremos estudar outros sítios, mas podemos estudar também investimentos em aeroportos que já existem na região de São Paulo, como São José dos Campos.

Está descartado o terceiro?
Não estou dizendo isso. Se pode existir um terceiro aeroporto, é opção de governo, não depende da Anac.
Do ponto de vista da agência, entendemos que seria ineficiente construir uma outra estrutura se eu já tenho uma que pode ser expandida. Um novo aeroporto pode ter um impacto grande sobre o fluxo aéreo e atrapalhar a aproximação de aeronaves nos outros aeroportos.

Existe possibilidade de retomar o projeto de terceira pista em Guarulhos?
Não existe.

O concessionário que investir em Guarulhos e Viracopos vai ter garantias de que não haverá concorrência com um terceiro aeroporto?
O risco de novos aeroportos ele sempre vai ter.

O Brasil está próximo de bater o recorde de acidentes aéreos [103, até 1/09; o recorde da década foi em 2009, 113]. Como a Anac vê isso?
Quando pega esse número absoluto, é ruim. A aviação geral e a regular têm crescido bastante. O índice que usamos é o de acidentes por combustível consumido. E por esse indicador a aviação está mais segura.
[Dados passados pela Anac após a entrevista apontam que o índice de acidentes com morte por combustível, na verdade, está mais alto do que o dos anos anteriores. A agência espera que a média deva se igualar à habitual no final do ano.]

Falta fiscalização?
Não. É impossível fiscalizar todas as operações de aviação no Brasil. Nem se eu tivesse 100 mil funcionários eu conseguiria fazer isso. O que a gente tem trabalhado é para ser cada vez mais eficiente, inclusive fazendo fiscalização surpresa.

Em alguns dos acidentes recentes, vimos pilotos com carteira vencida usando a habilitação de outro piloto.
Temos hoje um sistema que obriga o piloto da aeronave privada a passar os dados para a torre. É uma inovação. Mas sempre vão encontrar maneiras de burlar. Estamos implementando um sistema novo de identificação positiva, com senha, como num banco. O piloto passará o número da habilitação à torre e terá de confirmar com a senha. Se ele emprestar a senha, é responsabilidade dele.

As empresas querem discutir a carga horária dos pilotos. Piloto brasileiro voa pouco?
É possível discutir. A nossa carga horária é mais baixa que a americana e europeia. Os EUA estão analisando a redução, mesmo assim mantendo mais alta que a nossa. Do ponto de vista da agência, interessa saber se a carga proposta demonstra problema de segurança.

Fonte: Folha de S. Paulo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Olimpíada-16 está mais avançada que Copa-14, afirma Odebrecht.

O presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, mostrou forte preocupação com a escassez de mão de obra qualificada no país e afirmou que, "se bobear, as [obras das] Olimpíadas [de 2016] ficam prontas antes [das] da Copa [de 2014]".

Os comentários foram feitos durante um debate sobre as oportunidades que os grandes eventos esportivos oferecem para a iniciativa privada no Rio de Janeiro, em seminário promovido pela revista "Exame" na tarde desta quarta-feira.
"A Copa é uma coisa mais dispersa, uma distribuição de responsabilidades que não é clara. No caso da Olimpíada, o planejamento veio antes das obras, o que não aconteceu com a Copa", disse Odebrecht, cuja empresa participa tanto de projetos olímpicos, como a revitalização da zona portuária do Rio, quanto da construção de estádios para a Copa.

"Tudo que está acontecendo no Rio eu não sei se aconteceria sem a Olimpíada."
Odebrecht afirmou que a demanda por infraestrutura no Brasil continuará grande nos últimos anos, até porque as obras para a Copa não ficarão todas prontas a tempo.
"A questão da mão de obra qualificada vai continuar sendo o grande gargalo do Brasil. A gente chegou a um ponto tal de falta de mão de obra que não dá para fazer mais. Não temos problema de projeto para fazer, temos é falta de capacidade para fazer. A gente tem que investir em educação, educação, educação", disse.
O empresário afirmou que "a cadeia produtiva não está suportando" a demanda por novos projetos. "Quem comprou apartamento recentemente sabe, recebeu com atraso e má qualidade".

Ele reclamou ainda de um fenômeno de "inchamento salarial", "o aumento salarial desprovido de aumento de produtividade".
Representante do governo no debate, o diretor de Inclusão Social e de Crédito do BNDES, Élvio Gaspar, disse que a questão de qualificação de mão de obra está sendo equacionada por programas como o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). O diretor-executivo da agência municipal Rio Negócios também citou investimentos de universidades estrangeiras na cidade do Rio e o fato de que UFRJ e PUC-RJ devem dobrar de tamanho nos próximos cinco anos.

Odebrecht retrucou que estava preocupado justamente sobre o que aconteceria nos próximos quatro, cinco anos --período no qual acontecerão Copa e Olimpíada.
O diretor do BNDES minimizou ainda a preocupação exposta pelo empresário com a realização da Copa. "Tem um escarcéu pela imprensa que não é muito verdadeiro. Todos os estádios estão andando, um ou outro um pouco mais atrasado. E eu não tenho dúvida de que nós vamos fazer uma grande Copa."

Fonte: UOL