sábado, 17 de setembro de 2011

Mil e uma desculpas para a falta de planejamento. (Por José Roberto Bernasconi)


Faltando mil dias para a abertura da Copa do Mundo, o Brasil ainda tem pela frente diversos desafios originários do crescimento e da realização dos megaeventos esportivos de 2014 e 2016. O governo, porém, utiliza há anos ferramentas totalmente inadequadas de gestão pública devido à ausência de uma cultura de planejamento, ausência essa fruto das décadas de inflação elevadíssima, das crises econômicas e da preocupação dos administradores públicos com o curto (ou curtíssimo) prazo.

Como consequência, o governo federal tenta driblar essa falta de planejamento recorrendo ao famoso “jeitinho brasileiro” na busca de atalhos, como o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), em tese destinado a acelerar as obras necessárias à realização da Copa 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 e recentemente aprovado no Congresso.

Não há jeitinho ou atalho que substitua o planejamento rigoroso e eficientemente desenvolvido e aplicado. Ao contrário, a “gambiarra”, como sabemos, tende a provocar curtos-circuitos mais à frente, além de elevar a conta paga pela sociedade, que tem como contrapartida empreendimentos e serviços públicos de qualidade sofrível, nem sempre dimensionados da melhor forma e localizados no lugar mais adequado, com manutenção cara e menor durabilidade.

Em suma, os cidadãos/contribuintes pagam mais caro por empreendimentos mal dimensionados, projetados e construídos, enquanto poderiam ter, até por custos menores, obras e serviços de qualidade, com baixo custo de manutenção e muito maior durabilidade.

"O governo federal tenta driblar a falta de planejamento recorrendo ao famoso “jeitinho brasileiro” na busca de atalhos, como o Regime Diferenciado de Contratações (RDC), em tese destinado a acelerar as obras necessárias à realização da Copa 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 e recentemente aprovado no Congresso"

A falta de planejamento repercute em diversos setores, mas com maior intensidade, em tempos de crescimento e elevação da demanda, no de infraestrutura. Nessa área, as consequências podem ser medidas por alguns dados: o Brasil foi escolhido como sede da Copa 2014 em 30 de outubro de 2007, há exatos 46 meses, portanto.

O plano de investimentos da Infraero em aeroportos para os últimos cinco anos só conseguiu aplicar 44% do previsto, enquanto a demanda crescia 10% ao ano, em média, no mesmo período (em 2010, cresceu 20%!); os planos relativos à mobilidade urbana, especialmente os relacionados às linhas de metrô nas principais capitais brasileiras, desenvolvidos em grande parte com recursos federais, estão estacionados há vários anos, alguns há mais de uma década. Da mesma forma, as áreas de energia e transporte, essenciais ao desenvolvimento sustentável do país, sofrem com os apagões cada vez maiores.

Nas obras listadas como essenciais à realização dos eventos de 2014 e 2016, pode-se dizer que em quase 70% delas – oito capitais – as obras de mobilidade urbana sequer foram iniciadas. Em muitas delas, nem mesmo existe projeto contratado ou em desenvolvimento. Levantamento de 2011 do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), órgão do governo federal, mostra que 17 dos 20 maiores aeroportos do país estão operando acima de sua capacidade e que dez dos 13 aeroportos relacionados à Copa não estarão prontos em 2014. E, se concluídos a tempo, deverão ser inaugurados com capacidade defasada, aquém da necessária já em 2011.

As obras de saneamento, que incluem tratamento e distribuição/coleta de água e esgoto, incluídas nos PAC 1 e 2, não alcançam 20% de execução. Aeroportos, mobilidade urbana, saneamento e limpeza urbana, segurança, energia e tecnologia da informação e comunicação (TIC), ao lado da hospitalidade (hotéis, pousadas e atrações turísticas), são alguns dos elementos essenciais para que o Brasil aproveite as extraordinárias “janelas de oportunidade” que se abrem para a promoção do país no exterior com a realização da Copa do Mundo de Futebol e dos Jogos Olímpicos.

"O plano de investimentos da Infraero em aeroportos para os últimos cinco anos só conseguiu aplicar 44% do previsto, enquanto a demanda crescia 10% ao ano, em média, no mesmo período (em 2010, cresceu 20%!)"


Estima-se que, além de 600 mil turistas estrangeiros, mais de 20 mil jornalistas do mundo todo virão ao Brasil para cobrir os dois megaeventos esportivos, com destaque para a Copa 2014 – o evento da Fifa é o de maior efeito midiático do planeta, com bilhões de espectadores, antes, durante e no imediato pós-evento, nos cinco continentes.

O Sinaenco discute o tema desde 2007, antes mesmo do anúncio oficial pela Fifa da escolha de nosso país como sede do Mundial. Cunhamos, desde então, o slogan “Vitrine ou Vidraça” como o símbolo dos desafios que o Brasil enfrenta ao ser escolhido para sediar os dois maiores eventos esportivos mundiais. E alertávamos, também desde essa época, sobre a necessidade urgente de os governos federal, estaduais e municipais diretamente envolvidos com a preparação para a Copa e Olimpíada se prepararem, com o planejamento, para realizar adequadamente as obras de infraestrutura, esportivas e geral, necessárias à realização desses eventos. Isto se não quisessem virar “vidraça”, ou seja, que o país saísse pessimamente na foto e desperdiçasse a oportunidade do século para que o Brasil se consolidasse como uma potência emergente e um destino turístico para o resto do mundo, assim como fez Barcelona, na Olimpíada de 1992, ou está fazendo Londres, para sediar os Jogos de 2012.

Em vez de planejamento rigoroso e eficiente, contratação de estudos e projetos no prazo adequado, com antecedência de mais de dois anos, permitindo a execução de obras de qualidade, necessárias e que deixaram/deixarão um legado às suas populações, pós-eventos, como fez Barcelona e está fazendo Londres, os governos brasileiros foram deixando o tempo passar. Agora, quase quatro anos depois de ter sido escolhido como sede da Copa 2014, o governo federal aprova o RDC, com a desculpa de que “é necessário para acelerar a realização das obras para a Copa e Olimpíada”.

Um cidadão comum, leigo, poderia de boa-fé perguntar se situações emergenciais não exigiriam medidas equivalentes. Certamente esse cidadão teria toda a razão se a questão fosse de catástrofes naturais, como um tsunami, por exemplo. Obviamente, este não é o caso em questão.

A apologia do planejamento como instrumento essencial para a realização de bons empreendimentos públicos não pode ser examinada sob a ótica da “crítica pela crítica”. Houve tempo mais do que suficiente para o planejamento sério e eficaz. Para a contratação de estudos e projetos que permitissem dimensionar e conceber obras de qualidade, construídas de forma, no prazo e ao custo adequados. Obras que permitiriam deixar um legado por muitas décadas para a sociedade.

"Quase quatro anos depois de ter sido escolhido como sede da Copa 2014, o governo federal aprova o RDC, com a desculpa de que é necessário para acelerar a realização das obras para a Copa e Olimpíada"

Para isso, os projetos de arquitetura e engenharia, contratados previamente pela melhor solução técnico-econômica, no prazo adequado ao seu bom desenvolvimento e de forma independente da construção, são o melhor instrumento de controle e aferição de prazos, qualidade e custos para os administradores públicos e órgãos de controle, como os Tribunais de Contas, federal, estaduais e municipais.

Esse instrumento, o projeto completo, está ao alcance de todas as administrações públicas e o Brasil conta com mais de 20 mil empresas de arquitetura e engenharia distribuídas por todos os estados brasileiros, com conhecimento e competência técnica para desenvolvê-los. Há um detalhe, claro: é necessário planejamento, que significa pensar antes, para fazer melhor. Essa receita, em tese, está à disposição de todo administrador público.

Em vez de planejamento, o governo recorre ao RDC, que pretende contratar obras públicas que, juntas, somam bilhões de reais, com base em um anteprojeto, etapa anterior à do projeto básico, que antecede o projeto executivo, completo. O RDC representa dar um tiro no escuro, em meio à multidão, com as conseqüências potenciais previsíveis dessa atitude. Significa também jogar no lixo o conhecimento acumulado pela arquitetura e pela engenharia brasileiras. O governo federal não pode alegar ignorância a respeito dessas consequências.

Recentemente, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, em pronunciamentos a respeito da crise vivida pelo Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), que culminou com a demissão do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, enfatizaram que “a solução para o Dnit reside na contratação de obras com base no projeto executivo”. E o general Jorge Ernesto Fraxe, que assumiu como diretor-geral do Dnit, resumiu sua visão sobre essa questão: “Primeiro ponto: projeto. Temos de ser mais exigentes na qualidade desse projeto, porque 90% das obras estão no projeto, na qualidade, na precisão. Vai levar mais tempo, mas é preferível gastar mais tempo no projeto, do que depois, aditivando o prazo da obra”.

Em concordância com essas opiniões dos ministros, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, ressaltaram que não farão uso do RDC para a realização de obras para a Copa/Olimpíada.

Estes são exemplos de como, se seguidos à risca, o Brasil pode desenvolver sua infraestrutura, esportiva e geral, para a Copa e Olimpíada, deixando um legado positivo e duradouro para a sociedade


*José Roberto Bernasconi é presidente da Regional São Paulo e coordenador para Assuntos da Copa do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco)


Fonte: Portal 2014

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O "jeitinho" da Copa.

Brasil, país de praias encantadoras, mulheres bonitas, clima agradável. No Brasil, também, existem os brasileiros. E os brasileiros aprenderam, com o tempo, como dar um "jeitinho" para qualquer problema. Hoje faltam exatamente 1000 dias para a Copa do Mundo ser realizada no Brasil. Há pelo menos 2 anos já sabemos que a Copa seria no Brasil. Porém, o caminho ainda é muito longo.
Em uma aula da faculdade, um professor começou a comentar sobre o "jeitinho" brasileiro, e expôs o assunto de uma maneira muito fácil: a nação brasileira, desde suas origens, há mais de 500 anos, até hoje, nunca passou por grandes dificuldades.

Tomemos por exemplo o Japão. Um dos países mais desenvolvidos cultural e economicamente no mundo. Foram arrasados na II Guerra Mundial. Terremotos assolam suas terras com uma frequência jamais vista. E eles sempre se reconstroem, com velocidade surpreendente. Não acontecem saques em momentos de crise. O mesmo professor citou um amigo japonês que não comia batata, e questionando o tal amigo sobre a opção o amigo simplesmente disse: "Depois da II Guerra, simplesmente não havia o que comer no Japão. A batata era nossa única fonte de energia de fácil produção e barata para adquirir. Foi o que comi durante a minha infância."

Podemos citar também a Europa. Pelo menos 2 Guerras assolaram boa parte do continente, além de peste negra, entre outros problemas. Hoje, apesar da crise ainda incerta no continente, todos os países conseguiram se reconstruir, e já foram, inclusive, sede dos campeonatos (Alemanha 2002), e Londres será a sede da próxima Olimpíada (2012).

Agora vejamos o Brasil. Nunca participou de uma guerra que colocasse sua hegemonia em risco. Não temos terremotos, vulcões, maremotos nem nenhum outro tipo de adversidade climática. Temos uma das maiores área agricultáveis do planeta. Produzimos carne, arroz e feijão em abundância. Então, temos com o que nos preocupar?

Um político rouba milhões de reais de uma obra ilícita, e pensamos: "Bom, não mexendo no meu bolso, tudo bem. O importante é a obra sair". Claro que estão mexendo no nosso bolso! O dinheiro do governo é o dinheiro do povo, dinheiro de impostos e contribuições (os mais altos do mundo, por sinal) que pagamos, fielmente, todos os meses. Somos assaltados à luz do dia. Porém não reagimos.

Algum agricultor enterra ou queima todos os vasilhames de defensivos agrícolas utilizados, causando danos ao meio ambiente e a população. O que fazemos? Nada. Pensamos que o problema é dele, e que temos a floresta amazônica. Vamos cuidar da Amazônica, e o resto, cada um cuida do seu. Desde que não caia no nosso quintal, tudo estará bem.

Escolhemos governantes pelo que ele pode trazer de benefício para nós, e não para a população. Não procuramos ver a formação, o background daquela pessoa. Os ministros são colocados em seus cargos como dívida de favores partidários, sem que tenham conhecimento técnico algum. Os famos cabides do governo, que penduram toda a família de um sujeito no gabinete.

Outros podem indagar: os países citados possuem infraestrutura básica, como escolas, saneamento, aeroportos, hospitais, estradas, enfim...porém, vos digo mais: a Alemanha começou do zero. O Japão começou do zero (e novamente em uma parte do país após esse grande terremoto de 2011). Nossa desculpa não pode ser justificada pelo fato de sermos uma colônia de um país europeu. Seria mais plausível nos desculpar pelo fato de sermos acomodados. Enquanto tivermos dinheiro para garantir nosso arroz com feijão, e nossa cervejinha de final de semana junto aos amigos assistindo um jogo de futebol, não nos mobilizaremos.

O comodismo brasileiro já faz parte da nossa cultura. Não se preocupar com os problemas de todos, mas apenas com os próprios problemas, se tornou comum. A falta de preparo para a Copa não é um problema do Governo, apenas. É um problema da sociedade. Sou brasileiro, com muito amor. Sou, como bom brasileiro, amante do futebol. Também sou cômodo, as vezes deixando as coisas para a última hora. Porém cansei do excesso de comodismo da população.A sociedade que acha que sempre poderemos dar o famoso "jeitinho". Infelizmente o mundo mudou. E o nosso jeitinho...já não ajeita mais! Como diria Juscelino: "50 anos em 5". Ou melhor: 6 anos de preparação em 1000 dias!

Parceiro internacional.

O blog Asas Madeira é o nosso primeiro parceiro além das fronteiras nacionais! Bem vindo Paulo!

Boa tarde.
Abraços.

Aeroportos serão insuficientes mesmo sem a Copa.

A situação é tão preocupante que o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao governo federal, divulgou um estudo que mostra, baseado em dados técnicos, que dez dos 13 aeroportos que estão recebendo investimentos podem não ser completamente finalizados para a Copa de 2014. Carlos Campos, coordenador de infraestrutura econômica do órgão, ressalta que os atrasos poderão ocorrer caso sejam mantidos os prazos médios para cumprimento das etapas de expansão. Não é tarefa fácil. O próprio pesquisador afirma que o tempo médio de duração das intervenções em aeroportos, do projeto básico ao acabamento, é de sete anos e meio. São 12 meses de elaboração de projeto, nada menos que 38 meses para obtenção das licenças ambientais, mais seis meses em processos de licitação e outros 36 meses efetivamente trabalhando nas obras. Na fase de elaboração de projetos, encontram-se os terminais de Cuiabá (MT), Curitiba (PR) e Salvador (BA).

Já as obras no aeroporto de Manaus, por exemplo, cujo prazo de conclusão é dezembro de 2013, ainda estavam na etapa de projetos em 2010. Se tudo ocorrer dentro dos prazos médios observados no Brasil, as obras só ficarão prontas daqui a sete anos, em 2017, destaca a análise do Ipea. Investimentos crescem, mas obras não andam O estudo do Ipea também destaca que a demanda no setor aéreo aumentou, em média, 10,2% ao ano no período de 2003 a 2010. Somente no biênio 2009-2010, a demanda cresceu 20,4%, subindo de 128 milhões de passageiros, em 2009, para 154 milhões em 2010. A projeção aponta um movimento em 2014 de 225,9 milhões de passageiros. "Mesmo na ausência da Copa do Mundo, o Brasil precisaria investir muitos bilhões de reais apenas para atender ao atual ritmo de crescimento da economia e dos investimentos", aponta Campos.

Visando a Copa, o governo federal assegurou à Infraero (estatal federal que admistra os aeroportos do país) R$ 5,6 bilhões para investir em 13 aeroportos de 2011 a 2014. Isso representa R$ 1,4 bilhão ao ano, um valor bem maior do que a média anual investida de 2003 a 2009 (R$ 430,3 milhões) e em 2010 (R$ 645,6 milhões). Não será suficiente. Mesmo que fosse possível concluir os investimentos nos terminais de passageiros nos prazos previstos pela Infraero, a situação dos 13 aeroportos das cidades-sede da Copa de 2014 continuaria de sobrecarga.

Quando se confronta a estimativa de crescimento da demanda (movimentação de passageiros) com as novas capacidades previstas para os terminais de passageiros, nota-se que, em 2014, dez estariam operando em situação crítica (acima de 100% da capacidade nominal). Para agravar ainda mais o quadro, os recursos, ainda que disponíveis, não têm o condão de acelerar o andamento das obras ao nível que os prazos exigem. De 2011 a 2014, a execução dos programas de investimentos em aeroportos realizou apenas 44% dos recursos previstos. Para o Ipea, "isso aponta para a necessidade de inadiável aprimoramento na gestão empresarial da Infraero". Para o Brasil, quem quer que seja o culpado, o quadro atual aponta para a possibilidade de viver um caos aéreo em plena Copa do Mundo. Ainda é tempo de mudar.

Fontes: UOL/Folha

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Obras seguem em Guarulhos!


A AGU (Advocacia Geral da União) e a Infraero divulgaram no início da noite desta quarta-feira que conseguiram na Justiça a retomada das obras do terminal remoto do aeroporto internacional de Guarulhos de Guarulhos, em São Paulo.
As obras foram embargadas pela Justiça Federal na segunda-feira, atendendo a um pedido feito pelo Ministério Público Federal.
Apesar do embargo, os trabalhos continuavam ontem --a construtora Delta, responsável pela obra, disse que seguia trabalhando pois não havia sido notificada da decisão.
A Justiça havia determinado a imediata paralisação da obra, por meio de liminar, por falta de licitação. A Infraero alegou urgência, pela proximidade da Copa do Mundo de 2014 e para evitar caos aéreo no fim do ano. O caráter emergencial permite dispensa de processo licitatório.
A contratação da Delta se deu por meio de carta convite a quatro grandes construtoras. A Delta apresentou a menor proposta, no valor de R$ 85,75 milhões.
Na manhã desta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou estar "muito preocupada" com as obras "há oito anos", e que quer que o terminal esteja pronto em dezembro.
Segundo a Presidência, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região aceitou um agravo de instrumento da AGU que argumentava que a paralisação das obras representaria "grave lesão ao Estado e aos usuários".

Dilma se disse "preocupada" com medidas que "não são tomadas com serenidade". Ela se referia à decisão de paralisar as obras.
"O que nós fizemos em relação à obra de Guarulhos, por urgência e emergência, é muito importante. E o governo, antes de tomar medidas, nós não tomamos sem avisar que íamos fazê-lo. Nós avisamos tanto o Tribunal de Contas da União, quanto o Ministério Público. Então, estamos tranquilos porque fizemos de forma clara e transparente", disse ela.
Segundo a presidente, a urgência não é para a Copa, "Nós fizemos a 'urgência' e a 'emergência' para atender Guarulhos em dezembro", disse ela.
A Delta afirmou, ontem, que os preços foram "minuciosamente examinados" pela Secretaria de Fiscalização de Obras do TCU e que "demonstram claramente serem os menores já contratados pela Infraero para obras aeroportuárias de grande porte".
Empresa controlada por Fernando Cavendish Soares, a Delta lidera, há dois anos, o ranking das construtoras com mais contratos com o governo federal.
A empresa integra o consórcio que executa a reforma do estádio do Maracanã, no Rio, ao lado de Andrade Gutierrez e Odebrecht.


NOVO TERMINAL
O terminal será localizado em uma área antes ocupada pelos terminais de carga da Vasp e da Transbrasil.
Ele terá capacidade para 5,5 milhões de passageiros e 600 vagas de estacionamento. O terminal não terá posições de pontes de embarque, que conectam a sala de embarque às aeronaves. O acesso aos aviões será feito por meio de ônibus.
Recentemente, a Infraero inaugurou outro terminal provisório, com capacidade para 1 milhão de passageiros. Esse terminal foi ocupado por empresas menores, como Passaredo e Trip.
Apesar da urgência da obra do terminal remoto, a Infraero não tem definido quais companhias aéreas deverão operar no terminal. Ele é muito grande para as empresas de pequeno porte, que já estão instaladas no novo terminal provisório. E as grandes companhias, Gol e TAM, não querem deixar as suas posições atuais.
O desejo da Infraero é levar a Gol para o terminal remoto, mas ainda não foi feita uma consulta formal à companhia. O aeroporto de Guarulhos tem capacidade para 20,5 milhões de passageiros. Em 2010, operou com 26,8 milhões.
Além da paralisação imediata das obras, a decisão judicial proíbe a Infraero de efetuar qualquer pagamento à Delta até o final do julgamento da ação. A multa diária pelo descumprimento da decisão é de R$ 100 mil.
Uma segunda obra --desta vez com licitação, que deverá será publicada neste ano-- deverá ser feita na sequência, para transformar o antigo hangar da Transbrasil em outro terminal remoto. Essa etapa deverá ficar pronta até maio de 2012.

Fonte: Jornal Folha de S. Paulo


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mais um parceiro!

Acabamos de confirmar mais uma parceria, dessa vez com o blog Aeroporto de Londrina. Os posts podem ser visualizados na aba lateral.

Novas parcerias são sempre muito bem vindas!

Abraços.

Gargalos dos principais aeroportos brasileiros.

Continuando a saga sobre os aeroportos brasileiros, segue abaixo um estudo feito em 2009, porém de pouca revelação por parte dos que o fizeram, ou seja, o governo.


Conforme pode ser visto, a maioria dos aeroportos já se apresentavam saturados em 2009, porém, mesmo com a seleção do Brasil para a Copa, Olimpíadas e agora para o Jornada Mundial da Juventude (esse ano ocorreu em Madrid, com mais de 2 milhões de visitantes, e conheço pessoas que foram e disseram que a estrutura da cidade não aguentou) pouco ou quase nada foi feito de imediatamente.
Isso, na minha opinião, é causado por vários motivos, dentre os quais: corrupção muito grande em todos os níveis hierárquicos do governo, falta de interesse do governo em investimentos que não melhorem sua imagem social, e a necessidade de licitação. Aliás, esse último é o principal entrave. Uma licitação, como bem sabemos, demora décadas no Brasil.
Essa pesquisa apenas comprova o que foi postado ontém por nós a respeito dos MOP's, do qual sou inimigo ferrenho, pois sei que não serão utilizadas como "provisórios", mas sim como tapa-buracos permanentes.
Tomara que as privatizações, que acho que ocorrerão antes da Copa, ajudem a melhorar o básico em alguns aeroportos, como o Galeão, Guarulhos, Viracopos e Brasília, onde o modelo será testado.
Nos resta apenas aguardar pra ver qual será o resultado de tudo isso, se o sistema aéreo aguentará ou se novos (e maiores) problemas surgirão.


Novo Parceiro

É com orgulho que anuncio a parceria entre o nosso blog e o blog do Aeroporto de Maringá e o TMA Londrina, que pode ser acessado através da barra lateral.

Estou aberto à novas parcerias, sempre. Basta entrar em contato.

Novidades no ar!

O blog Infrazer0 começou esta quarta-feira com várias novidades no ar. Entre elas, um mapa no lado esquerdo do blog, que demonstra de onde estão vindos os principais acessos. Abaixo, no rodapé da página, mostra quantas pessoas estão conectadas ao blog nesse momento.

O mais interessante é que agora você poderá acompanhar o blog sem precisar procurar atualizações, sendo avisado automaticamente assim que algo novo for postado em seu e-mail (os e-mails são confidenciais e não são armazenados em nosso sistema).

Comentários são sempre muito bem vindos!

Até a próxima.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Módulo Operacional Provisório da Infraero (ou Puxadinho Legal)

Como bem devem saber meus leitores, sou fã de carteirinha da aviação, principalmente da civil. Por isso, acesso sites da Infraero e outros blogs de aeroportos semanalmente. Hoje, algo me chamou a atenção no site da Infraero: uma página especial apenas sobre módulos operacionais. Achei interessante, e segue uma breve descrição do que é um módulo operacional, segundo site da Infraero: "São soluções de engenharia de construção rápida e segura, com excelente custo-benefício para ampliar a capacidade de terminais de passageiros. Essas estruturas podem ser utilizadas em operações de embarque, desembarque e check-in de passageiros. Os módulos oferecem o mesmo conforto dos terminais convencionais e contam com ar condicionado, isolamento térmico e acústico, longarinas, sanitários, Sistema Informativo de Voos e até estabelecimentos comerciais, como lanchonetes e livrarias."
Colocaram também, abaixo fotos de vários MOP's pelo mundo, como exemplo da inteligente solução da Infraero. Eu, curioso, fui atrás ver onde estes módulos ainda funcionavam. O resultado você confere abaixo.


Austin, EUA (Austin-Bergstrom International Airport)
A parte circulada em amarelo é o MOP que a Infraero citou em seu site.
Atualmente o MOP ainda existe em Austin, TX.
  • O que a Infraero não citou em seu site foi que o MOP de Austin foi colocado no aeroporto por uma companhia mexicana de baixo custo, VivaAerobus, sendo exclusiva para o uso desta. Está desativado desde 2009. 
Cidade do Cabo, África do Sul (Cape Town International Airport)

O MOP, novamente, circulado em amarelo, obtido do site da Infraero.
Não existe mais nada no aeroporto de Cidade do Cabo.

Frankfurt, Alemanha (Frankfurt am Main Airport)
O MOP de Frankfurt, segundo o site da Infraero.

O MOP de Frankfurt ainda existe.
  • O MOP de Frankfurt é usado para embarque em aviões menores que não podem usar os "fingers", e ficam estacionados em áreas remotas.
Seattle, USA (Seattle-Tacoma International Airport)

O MOP de Seattle, segundo a Infraero.

Aparentemente, o MOP de Seattle virou um local de estacionamento dos ônibus que servem o aeroporto.

Colônia, Alemanha (Flughafen Köln/Bonn)


O MOP de Colônia, segundo a Infraero.
O MOP de Colônia ainda existe.
  • O MOP de Colônia é utilizado para aeronaves de menor porte, assim como o de Frankfurt, que não podem estacionar em "fingers" e precisam ter seu embarque feito pelo solo.
Munique, Alemanha (Flughafen München)
MOP's de Munique, segundo a Infraero.

Os MOP's de Munique ainda estão lá.
  • Munique tem aproximadamente 60 pontos remotos, e alguns podem ser vistos na parte superior da mesma foto. São "fingers" colocados no chão, com o intuito de proteger os passageiros das intempéries. Soluções inteligentes e muito mais baratas do que a construção completa de um terminal ou de um terminal-satélite.
Paris, França (Aéroport Paris-Charles de Gaulle)
O local indicado pela Infraero como MOP.

Aparentemente o local serve como estacionamento/manutenção de aeronaves,
não sendo indicado em nenhum mapa do aeroporto como local de embarque.

Bruxelas, Bélgica (Brussel Nationaal)
O MOP indicado pela Infraero.

O MOP ainda se encontra no local.
  • O MOP de Bruxelas é usado, novamente, para aviões de menor porte que não podem usar os "fingers" existentes no aeroporto.


AeroportoMovimento OperacionalCapacidade Instalada
Austin - EUA8,693,708 (2010)7,700,000
Cidade do Cabo - RAS8,107,727 (2010)14,500,000
Frankfurt - Alemanha53,009,221 (2010)60,000,000
Seattle - EUA31,227,512 (2010)36,000,000
Colônia - Alemanha9 849 779 (2010)12,000,000
Munique - Alemanha34 721 605 (2010)50,000,000
Paris - França58 164 612 (2010)57,000,00
Bruxelas - Bélgica17 181 000 (2010)21,000,000


A situação de alguns aeroportos brasileiros com MOP em implantação. (Dados: INFRAERO)
AeroportoMovimento OperacionalCapacidade Instalada
São Paulo - Guarulhos26,774,546 (2010)24,900,000
São Paulo - Congonhas15,481,370 (2010)17,100,000
Brasília14,347,061 (2010)14,000,000
Rio de Janeiro - Galeão*12,229,513 (2010)17,400,000
Manaus*2,908,876 (2010)6,400,000
Campinas5,428,986 (2010)3,500,000
Belo Horizonte - Confins7,621,041 (2010)5,000,000
Rio de Janeiro - Santos Dumont*7,805,387 (2010)3,600,000
Curitiba5,769,712 (2010)3,500,000
*Não tem MOP's em construção.


Nessa pequena demonstração, pode-se analisar a defasagem da maioria dos "hubs" brasileiros, tanto em relação à demanda nacional, quanto em comparação com grandes aeroportos internacionais que aplicaram a técnica do Módulo Operacional Provisório.
Acho que a idéia do MOP é, principalmente, aliviar o terminal principal, para que este possa passar por reformas e ampliações, de forma a atender a demanda daquele aeroporto. Infelizmente, no Brasil, tal ato esta se tornando comum e com outro objetivo, o de suprir décadas de falta de investimentos em no grandes aeroportos.
E os problemas dos aeroportos brasileiros não terminam aí: faltam pistas, pátios, medidas de segurança, "taxiways", estacionamento, enfim, talvez tenhamos que recomeçar do zero...ou começar a investir logo para que não entre em um colapso mais profundo. Mas isto é assunto para outra postagem.


Agradeço a quem teve a paciência de chegar até o fim. Desculpas pela postagem longa, mas o assunto é abrangente e não achei correto dividi-lo em 2 postagens.