sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Aeroportos serão insuficientes mesmo sem a Copa.

A situação é tão preocupante que o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao governo federal, divulgou um estudo que mostra, baseado em dados técnicos, que dez dos 13 aeroportos que estão recebendo investimentos podem não ser completamente finalizados para a Copa de 2014. Carlos Campos, coordenador de infraestrutura econômica do órgão, ressalta que os atrasos poderão ocorrer caso sejam mantidos os prazos médios para cumprimento das etapas de expansão. Não é tarefa fácil. O próprio pesquisador afirma que o tempo médio de duração das intervenções em aeroportos, do projeto básico ao acabamento, é de sete anos e meio. São 12 meses de elaboração de projeto, nada menos que 38 meses para obtenção das licenças ambientais, mais seis meses em processos de licitação e outros 36 meses efetivamente trabalhando nas obras. Na fase de elaboração de projetos, encontram-se os terminais de Cuiabá (MT), Curitiba (PR) e Salvador (BA).

Já as obras no aeroporto de Manaus, por exemplo, cujo prazo de conclusão é dezembro de 2013, ainda estavam na etapa de projetos em 2010. Se tudo ocorrer dentro dos prazos médios observados no Brasil, as obras só ficarão prontas daqui a sete anos, em 2017, destaca a análise do Ipea. Investimentos crescem, mas obras não andam O estudo do Ipea também destaca que a demanda no setor aéreo aumentou, em média, 10,2% ao ano no período de 2003 a 2010. Somente no biênio 2009-2010, a demanda cresceu 20,4%, subindo de 128 milhões de passageiros, em 2009, para 154 milhões em 2010. A projeção aponta um movimento em 2014 de 225,9 milhões de passageiros. "Mesmo na ausência da Copa do Mundo, o Brasil precisaria investir muitos bilhões de reais apenas para atender ao atual ritmo de crescimento da economia e dos investimentos", aponta Campos.

Visando a Copa, o governo federal assegurou à Infraero (estatal federal que admistra os aeroportos do país) R$ 5,6 bilhões para investir em 13 aeroportos de 2011 a 2014. Isso representa R$ 1,4 bilhão ao ano, um valor bem maior do que a média anual investida de 2003 a 2009 (R$ 430,3 milhões) e em 2010 (R$ 645,6 milhões). Não será suficiente. Mesmo que fosse possível concluir os investimentos nos terminais de passageiros nos prazos previstos pela Infraero, a situação dos 13 aeroportos das cidades-sede da Copa de 2014 continuaria de sobrecarga.

Quando se confronta a estimativa de crescimento da demanda (movimentação de passageiros) com as novas capacidades previstas para os terminais de passageiros, nota-se que, em 2014, dez estariam operando em situação crítica (acima de 100% da capacidade nominal). Para agravar ainda mais o quadro, os recursos, ainda que disponíveis, não têm o condão de acelerar o andamento das obras ao nível que os prazos exigem. De 2011 a 2014, a execução dos programas de investimentos em aeroportos realizou apenas 44% dos recursos previstos. Para o Ipea, "isso aponta para a necessidade de inadiável aprimoramento na gestão empresarial da Infraero". Para o Brasil, quem quer que seja o culpado, o quadro atual aponta para a possibilidade de viver um caos aéreo em plena Copa do Mundo. Ainda é tempo de mudar.

Fontes: UOL/Folha

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